Pessoas sem abrigo também são pessoas ativas. Independentemente dos trajetos anteriores, é preciso abrir portas para uma nova vida, que começa por reganharem hábitos de trabalho e adquirirem competências.
As Oficinas CriAres vão abrir em Lisboa, com a ajuda do Prémio BPI Fundação “la Caixa” Solidário. São oficinas ocupacionais que vão envolver pessoas em situação de sem abrigo em Lisboa, com vista à sua inserção no mercado de trabalho.
A Associação Ares do Pinhal é a promotora deste projeto que vai envolver quarenta e oito beneficiários por ano. As Oficinas Criares nascem da experiência com os vários centros de emergência de alojamento da cidade de Lisboa e com os apartamentos de transição, outro projeto da associação.
A baixa ocupação diária das pessoas sem abrigo levou à ideia de abrir as oficinas que vão, por agora, incluir duas áreas de atividade: a carpintaria e a costura e bordados.
De todos os que estão nos centros de emergência e nos apartamentos de transição, a Ares do Pinhal vai selecionar as pessoas que têm o perfil definido para integrar as Oficinas CriAres. São pessoas com baixas qualificações em situação de desemprego, dependentes de apoio estatal, com muito tempo livre e que queiram aprender uma atividade.
Os trabalhos produzidos vão ser vendidos num negócio solidário, para ajudar os beneficiários a terem dinheiro de bolso para o dia a dia. Mas o objetivo é maior do que esse e o projeto tem várias etapas.
A primeira, com uma duração de cerca de um mês, está centrada na aquisição de competências de cidadania e língua portuguesa, através de unidades de formação de curta duração.
A segunda fase é a de formação prática nas oficinas. A de carpintaria vai fazer pequenas reparações em peças de madeira e produzir bonecos e jogos, entre outras encomendas que possam chegar das empresas. A de costura e bordado vai fazer arranjos e transformação de roupa usada e produzir também peças para venda.
A terceira fase, de três meses, envolve os beneficiários e os técnicos da associação no desenho de um projeto de intervenção, para apresentar a empresas cuja atividade possa absorver as competências adquiridas por estas pessoas.
Desta forma abre-se a possibilidade de as empresas chamarem os beneficiários do projeto para um estágio ou para a integração na empresa, com eventual recurso aos apoios do Instituto de Emprego e Formação Profissional.
O Prémio Solidário vai permitir à Associação Ares do Pinhal contratar um formador e dois monitores e adquirir as máquinas necessárias para as oficinas de carpintaria e de costura.
Com novas competências e novos hábitos de trabalho, estas pessoas sem abrigo vão poder bater à porta do mercado de trabalho.