Quantas são as notícias das consequências da condução de automóveis por pessoas que já não têm essa capacidade? O perigo é grande e até agora não havia uma resposta adequada para a avaliação das capacidades de conduzir em pessoas que apresentam défice cognitivo ou demência. E a resposta não é apenas manter ou não a carta de condução. É preciso construir alternativas.
Todos nós perdemos destreza física e cognitiva quando a idade avança mas, quando se junta um quadro de défice cognitivo ou demência, é essencial avaliar as capacidades de condução.
O Centro de Avaliação e Apoio da Capacidade de Condução para Pessoas com Défice Cognitivo é um projeto pioneiro no país e um dos vencedores do Prémio BPI Fundação “la Caixa” Seniores.
O projeto pertence ao CIDIFAD – Centro de Investigação, Diagnóstico, Formação e Acompanhamento das Demências, uma das valências da Santa Casa da Misericórdia de Riba D’Ave.
Com este centro de avaliação a instituição quer disponibilizar cuidados diferenciados e inovadores para a pessoa com défice cognitivo ou demência já diagnosticada, sobre quem se coloca a questão de continuar ou não a conduzir um automóvel.
A intervenção assenta numa estratégia multidimensional capaz de avaliar de forma rigorosa a capacidade para a prática da condução, de forma a contribuir para a segurança e bem-estar individual e da comunidade.
No processo, vão estar envolvidos diferentes profissionais da equipa multidisciplinar do CIDIFAD, desde a equipa médica a terapeutas ocupacionais e psicólogos, mas também investigadores e técnicos do Automóvel Clube de Portugal, para monitorizarem as respostas cognitivas e motoras do utente. Na condução propriamente dita, é registado o comportamento em estrada e em simulador. Um engenheiro informático vai ajudar a desenvolver um instrumento de telemetria, para perceber a capacidade de condução da pessoa à distância.
O projeto tem como parceiros a Junta de Freguesia de Riba D’Ave e o ACP e pode dar resposta a qualquer pessoa que seja encaminhada por qualquer instituição de qualquer ponto do país.
Depois de uma avaliação rigorosa, a resposta dirá se a pessoa tem ou não capacidade para continuar a conduzir. Mas o projeto não termina aí.
Para qualquer pessoa, ficar sem a carta de condução representa uma perda difícil, em termos de autoestima e de autonomia. A resposta do Centro de Avaliação e Apoio da Capacidade de Condução para Pessoas com Défice Cognitivo vai para além do sim ou não à carta de condução.
Quando a pessoa deixa de conduzir é necessário encontrar alternativas, para que possa manter uma vida independente. Neste caso, a intervenção passa também por criar uma rede de contactos que continue a garantir a integração da pessoa na sociedade, com novas soluções de mobilidade. A solução pode estar em plataformas digitais ou numa rede de táxis local.
Com apoio psicológico para a adaptação à nova realidade, a autonomia pode manter-se, tornando a perda menor.