Em São Miguel de Machede, freguesia rural do interior do Alentejo, concelho de Évora, mais velhos e mais novos estão habituados a partilhar saberes, numa dinâmica de aprendizagem intergeracional de que todos beneficiam. Os mais velhos mantêm os laços sociais na comunidade, os mais novos alimentam raízes na terra. Uns e outros vivem a comunidade no presente.
O projeto Lar Doce Lar da Suão, Associação do Desenvolvimento Comunitário no Concelho de Évora, mereceu o Prémio BPI Fundação “la Caixa” Seniores.
No momento em que a pandemia chegou, a Associação tinha em plena atividade a Escola Comunitária de São Miguel de Machede, com um projeto educativo de natureza não formal. Os seniores encontram ali atividades de aprendizagem que lhes são dirigidas, sem preocupação de certificação de qualquer conhecimento ou competência. Participam pelo prazer de aprender e pelo benefício para a sua saúde física e mental, por um envelhecimento ativo e participado.
Em todos os projetos da Associação e da Escola Comunitária, participam pessoas de todas as idades, de diferentes níveis de escolaridade e diferentes experiências de vida. A intergeracionalidade é uma das características principais do trabalho desenvolvido pela Suão. E todos os dias são muito preenchidos, com atividades de estimulação física e motora, aulas de tecnologia e informática e hidroginástica, entre outras. Todas as semanas há um desafio diferente que junta jovens e seniores, numa atividade de estimulação cognitiva. Os jovens encontram na Escola Comunitária o apoio escolar de que necessitam e participam como voluntários nos projetos dirigidos aos seniores.
O confinamento devido à pandemia tudo mudou e as atividades deixaram de poder ser desenvolvidas nas instalações da escola.
Com o projeto Lar Doce Lar, no entanto, a Associação volta a levar o projeto educativo junto dos idosos, ao domicílio. Assim, as atividades e as rotinas de educação e socialização, que ficaram inacessíveis nos últimos tempos, voltam a fazer parte do dia a dia. Os jovens voluntários e os voluntários da estrutura da Associação voltam ao encontro com os mais velhos, nas suas casas, para que os laços sociais na comunidade não se quebrem. O importante é que a nova rotina se instale.
O Prémio Seniores vai permitir que o projeto Lar Doce Lar, que já começou a funcionar experimentalmente, faça mais e melhor junto de cerca de quarenta idosos que serão os beneficiários. A eles juntam-se entre vinte a trinta jovens na partilha de saberes e experiências. Voltam as atividades recreativas e culturais, a atividade motora e cognitiva, as visitas de estudo agora virtuais e a aprendizagem informática que, para os idosos com acesso à internet, é uma oportunidade de participarem nas redes sociais e contactarem amigos e familiares mais distantes.