A parentalidade que já teve uma experiência problemática precisa de um fortalecimento que garanta o regresso da criança à família num contexto de conforto e de segurança a longo prazo. A intervenção familiar é fundamental para garantir dinâmicas saudáveis.
A Associação das Aldeias de Crianças SOS de Portugal é a promotora de um dos vencedores do Prémio BPI Fundação “la Caixa” Infância, o projeto Pais Fortalecidos, Filhos Protegidos.
O projeto surge da experiência da associação, que intervém na proteção das crianças e jovens vulneráveis e, em particular, da experiência no programa de fortalecimento familiar, que a instituição tem em prática em vários pontos do país.
Atenta às necessidades das famílias mais vulneráveis, a equipa das Aldeias SOS verificou que a nível nacional não existiam linhas orientadoras para a intervenção que é feita na reunificação familiar, ou seja, quando a criança regressa ao seio familiar, após uma vivência de acolhimento.
A associação propôs-se, assim, criar este projeto com o objetivo de sistematizar as boas práticas na reunificação familiar, de modo a poderem ajudar outros centos de apoio familiar a intervir neste âmbito, para proteger as crianças da reocorrência de mau trato.
O projeto permite trabalhar o regresso da criança ao seu meio natural de vida, à sua família de origem ou à família alargada, num contexto protetor. Fortalecer os cuidadores, as suas competências e autonomia no cuidado consciente dos filhos, tem como objetivo diminuir significativamente ou anular as situações de perigo que levaram à retirada da criança à família.
Os técnicos sabem que, por si só, o acolhimento de uma criança vítima de abuso é uma situação muito traumática. O preço a pagar, se houver falhas na reunificação familiar, é uma experiência duplamente ou triplamente traumática para a criança.
Mas as boas práticas existem, e o fortalecimento das mudanças positivas dos pais é o caminho que proporciona à criança um regresso protegido à família.
Pais Fortalecidos, Filhos Protegidos é um seguimento do trabalho que a associação já faz, mas o Prémio Infância vem permitir acrescentar à equipa de oito pessoas um técnico altamente especializado na intervenção familiar. Juntos, vão monitorizar com olhar microscópico vinte famílias em situação de reunificação, de modo a garantir não só o sucesso do processo junto dessas famílias mas, também, a criação de um guia que visa sistematizar as orientações de boas práticas para utilização por outros centros de apoio familiar.