O mundo está lá fora. Fora do ecrã que foi, durante o confinamento, a única janela aberta. E tanto se usou essa janela, que para muitas crianças e jovens esse passou a ser o mundo mais real. Agora é necessário reorientá-los para as relações sociais em presença e para o contacto com o meio ambiente natural.
O projeto Tic e Toque, promovido pela Associação de Pais e Amigos de Crianças, com sede em Barcelos,mereceu a distinção do Prémio BPI Fundação “la Caixa” Infância, com a resposta a este desafio: dotar crianças e jovens de recursos pessoais que favoreçam a sua ligação ao mundo de uma forma mais saudável.
Para muitos, a interação social ficou ligada quase exclusivamente ao uso de tecnologias, aumentando os comportamentos de dependência e o uso abusivo de meios virtuais.
A pandemia veio colocar um desafio muito exigente, especialmente aos que vivem em situação de maior vulnerabilidade social. O isolamento físico favoreceu o isolamento social, relacional e afetivo, reduzindo as oportunidades de adaptação e crescimento assentes numa relação com o meio ambiente.
Agora é necessário dar a estas crianças recursos emocionais capazes de os tornar mais aptos socialmente, para conseguirem gerir melhor os seus afetos e tornarem-se mais resilientes na resolução de problemas.
O Tic e Toque vai desenvolver experiências alternativas ao mundo digital, inseridas num ambiente natural de vida. São atividades culturais, educativas, de lazer e recreativas para motivar as crianças a redirecionarem-se na descoberta do ambiente, de si próprios e dos outros.
Com o Prémio Infância, a associação vai poder construir uma equipa competente e especializada e adquirir um veículo, de modo a facilitar a deslocação das crianças e jovens para os locais das atividades. Os participantes serão identificados pelos vários parceiros da comunidade, como escolas, comissões de proteção de menores e casas de acolhimento, que possam identificar casos que correspondam aos fatores de risco com cabimento no projeto.
Na equipa vão estar envolvidos um psicólogo, um assistente social e dois auxiliares de ação direta que garantem as atividades no terreno. O projeto inclui também oficinas de competências socioemocionais e de inteligência emocional, bem como ações de sensibilização junto das escolas.