As intervenções com cavalos podem melhorar a autoestima e autoconfiança e até ajudar na socialização. A sensação de bem-estar que transmitem e o estímulo cognitivo e psicomotor que conseguem proporcionar podem fazer a diferença em crianças e jovens com alterações comportamentais.
Em ambiente socialmente desfavorecido, o risco de abandono escolar e exclusão social é elevado. Muitas crianças e jovens nessa situação apresentam alterações comportamentais que necessitam de uma intervenção positiva que ajude a criar um melhor envolvimento com o meio escolar e com a comunidade.
É dessa necessidade que nasce o projeto Atividades Assistidas por Cavalos, distinguido pelo Prémio BPI Fundação “la Caixa” Infância.
As terapias com cavalos são já bem conhecidas, pelo poder que o cavalo tem de criar vínculos emocionais com os humanos. Crianças e jovens de meio social desfavorecido com problemas de comportamento podem beneficiar desta relação especial com os cavalos.
Neste projeto, a Associação Equiterapêutica do Porto e Matosinhos vai envolver crianças e jovens do distrito do Porto que frequentam as escolas TEIP (Territórios Educativos de Intervenção Prioritária).
Sabendo-se que os contextos sociais em que as escolas estão inseridas podem e condicionam muitas vezes o sucesso educativo, a associação decidiu criar este projeto para proporcionar mais uma resposta a estas escolas, a pensar especialmente nas crianças e jovens com alterações de comportamento. Trata-se de um projeto criado de raiz, pensado a partir da experiência que já tinha sido realizada com as antigas unidades de Matosinhos e da Maia.
O objetivo é fazer uma intervenção psicossocial que possibilite uma modificação positiva do comportamento, com um resultado de maior envolvimento das crianças e jovens, quer com os técnicos do projeto, quer nas escolas, com a melhoria da assiduidade às aulas, quer ainda dentro da família.
Os grupos que vão frequentar as atividades são decididos em conjunto com os professores e a Associação Equiterapêutica vai buscá-los à escola uma vez por semana para sessões de noventa minutos em contacto com os cavalos.
Em cada sessão, todos os elementos do grupo montam a cavalo, dois de cada vez, enquanto os outros elementos se encarregam de tarefas de chão, como o aparelhamento ou a limpeza dos cavalos.
A equipa que garante as atividades é constituída por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e psicomotricistas, para além dos voluntários que integram o projeto.
As crianças e jovens encontram ali um meio tranquilizador e facilmente estabelecem uma relação com o cavalo, o que envolve uma carga emocional que não é possível ver em intervenções mais tradicionais.
O cavalo desempenha, de forma natural, um papel de mediador e de facilitador, criando motivação e compromisso. O que se espera é que as crianças e jovens transportem estas alterações emocionais para o seu dia a dia, com a consequente alteração positiva no comportamento, e que se verifique uma melhoria das suas competências individuais.