Uns precisam de mão de obra para a agricultura, outros precisam de trabalho enquanto estudam agricultura, ciências agrárias e tecnológicas. A aproximação é natural e vem contrariar, por um lado, o abandono das zonas rurais do interior e, por outro, o isolamento social dos agricultores mais idosos.
A Bolsa de Colaboração Agrícola, um dos projetos vencedores do Prémio BPI Fundação “la Caixa” Rural, pretende ser um projeto piloto que aproxima os jovens estudantes do Instituto Politécnico de Bragança e os agricultores idosos de Vimioso, Trás-os-Montes.
A apanha da castanha e da azeitona, a poda da vinha e um conjunto de outros trabalhos sazonais pedem mais gente para trabalhar. Os agricultores, muitas vezes idosos cujas famílias estão longe, já não conseguem executar alguns dos trabalhos e sentem a falta de mão de obra.
Ali perto, os jovens estudantes de agricultura do Instituto Politécnico de Bragança, nacionais ou dos países de expressão portuguesa, querem e precisam de formação. Muitos precisam também de trabalhar enquanto estudam. A Bolsa de Colaboração Agrícola vem criar a oportunidade de aprenderem diretamente com os agricultores experientes da região como se faz a cultura da azeitona, dos cereais, da castanha ou dos frutos secos e um conjunto de outras tarefas da agricultura de Trás-os-Montes.
O projeto é promovido pela Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino, que desenvolve trabalho no território há 20 anos e tem uma relação profunda com os agricultores locais, em especial com aqueles que possuem o Burro de Miranda e outras das dez raças autóctones do nordeste transmontano.
Conhecem bem a realidade local, onde se pratica uma agricultura familiar e de subsistência, mas rentável. E conhecem também os estudantes do Instituto Politécnico de Bragança que, com uma integração positiva na comunidade, poderão ficar a residir na região por alguns anos.
O Prémio Rural permite pagar aos estudantes e melhorar a vida dos agricultores e é a alavanca para concretizar o projeto no terreno. Cerca de vinte agricultores e cinquenta estudantes vão beneficiar deste encontro de interesses. A prioridade vai ser dada a agricultores idosos que vivem sozinhos e que sentem já dificuldades na realização dos trabalhos normais da agricultura. Os jovens, muitos já trabalhadores estudantes, podem ter um emprego na sua área de estudo.
O projeto integra dois técnicos da associação como facilitadores e intermediários entre uns e outros, para além de outras pessoas da área da antropologia, da sociologia e da economia social, que vão ajudar a medir o impacto do projeto e o que pode ser melhorado.